A Velhice Pede Desculpas
Tão velho estou como árvore no inverno,
vulcão sufocado, pássaro sonolento.
Tão velho estou, de pálpebras baixas,
acostumado apenas ao som das músicas,
à forma das letras.
Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético
dos provisórios dias do mundo:
Mas há um sol eterno, eterno e brando
e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir.
Desculpai-me esta face, que se fez resignada:
já não é a minha, mas a do tempo,
com seus muitos episódios.
Desculpai-me não ser bem eu:
mas um fantasma de tudo.
Recebereis em mim muitos mil anos, é certo,
com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras.
Desculpai-me viver ainda:
que os destroços, mesmo os da maior glória,
são na verdade só destroços, destroços.
Cecília Meireles, in 'Poemas (1958)'
Uma “nova geração” chegou à chamada Terceira Idade, física e mentalmente apta como nunca antes, e está sendo sistematicamente alijada do processo produtivo e da sua própria cidadania por preconceito e falta de estrutura da sociedade e do governo para absorve-la. Resultado: o País perde talentos, aumenta os custos da Previdência e cria uma geração de falsos inativos aos quais é negado o direito à participação e à felicidade. Vamos lutar pelo reocnhecimento e mudança desta situação.
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